A história do i
O i, número imaginário
com muita imaginação,
imaginara o cenário
para um filme de ficção.
com muita imaginação,
imaginara o cenário
para um filme de ficção.
A história começava
dentro de uma equação
de segundo grau, e o vilão
era uma raiz quadrada.
dentro de uma equação
de segundo grau, e o vilão
era uma raiz quadrada.
Da fórmula resolvente
que assaltava à mão armada
um pobre x que passava,
roubando-lhe o expoente.
que assaltava à mão armada
um pobre x que passava,
roubando-lhe o expoente.
O herói, um matemático,
perseguia-a tenazmente
de equação em equação
até uma de quinto grau.
perseguia-a tenazmente
de equação em equação
até uma de quinto grau.
í, a raiz quadrada,
finalmente encurralada,
sem fórmula de esconder-se,
acabava por render-se.
finalmente encurralada,
sem fórmula de esconder-se,
acabava por render-se.
A ideia era excelente,
o final um teorema.
Ficariam certamente
na História do Equacinema.
o final um teorema.
Ficariam certamente
na História do Equacinema.
Mas o público queria
filmes de geometria,
ângulos obtusos, tangências,
estúpidas circunferências…
filmes de geometria,
ângulos obtusos, tangências,
estúpidas circunferências…
Por isso o i nunca mais
Se deu a fazer ficção.
Cedeu: «Não gasto imaginação
com números irracionais!»
Se deu a fazer ficção.
Cedeu: «Não gasto imaginação
com números irracionais!»
Manuel António Pina, in “Pequeno livro de desmatemática”
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